Nota: a foto de uma manifestação de jovens indignados em São Paulo anterior ao movimento de 2013.
Era uma minoria de indignados, cerca de 200, em 2011.
Há uma certa confusão em
alguns investigadores sociais quando falam das novas formas de contestação no Brasil de Junho de 2013.
Para muitos destes autores,
inspirados em grande parte numa versão do marxismo, o que se passa
no Brasil é iniciativa de classes médias insatisfeitas e
Lumpen-Proletariado. Alguns usam, de algum modo, explicações
vagamente conspiratórias.
Outros, como Elisio Estanque, falam de revolta da nova classe média. Sentem que algo falha na análise marxista tradicional. "Há uma retórica marxista dogmática que quer à força ver nos atuais protestos aquilo que não são: uma vanguarda virada para a revolução proletária. Outros, tomam a nuvem por Juno e concluem que é tudo fabricação da direita e dos média."
Outros, como Elisio Estanque, falam de revolta da nova classe média. Sentem que algo falha na análise marxista tradicional. "Há uma retórica marxista dogmática que quer à força ver nos atuais protestos aquilo que não são: uma vanguarda virada para a revolução proletária. Outros, tomam a nuvem por Juno e concluem que é tudo fabricação da direita e dos média."
Citando:
"esta é uma nova classe média: não a das classes A-B
instaladas, não a dos interesses individualistas, mas um novo
segmento que, ao ser embuido dos sentimentos de partilha e de luta
coletiva (como em outros momentos da história) que os atuais
movimentos proporcionam, ao viver esta experiencia de luta, estarão
mais tarde em condições de orientar o Brasil para o rumo do
desenvolvimento”. (Facebook
de Elísio Estanque, 28 de Junho de 2013).
Uma
nova classe média com alguns laivos de radical? Talvez seja possível mas a minha
experiência, leituras e algumas conversas ao acaso dizem ou falam de
uma outra forma de pensar e agir nesta multiplicidade de redes que se
conecta de forma rizomática (conceito de Gilles Deleuze) ligando, de
uma forma íntima, o digital e o não digital.
Pensando o problema de
um ponto de vista sociológico radical (que vai à raiz das coisas), diria que a nossa "carpela"
sobre o real, usando conceitos como “classe social”, apenas nos
dá uma imagem muito difusa desta realidade. Porque não usar então uma outra
metáfora, sem negar a especificidade e correcção do que se diz
usando a outra metáfora mais pesada (Classe remete para ordem...)? Uma metáfora mais hábil, mais útil como ferramenta teórica?
Talvez as palavras "rede", "rizoma" ou
“multitude” sejam as mais justas e potentes.
Não retirando razão total a alguns argumentos de uma sociologia do “social” mais presa ao modelo “newtoniano” da procura de regularidades, parece-me que o que sucede apenas pode ser justamente compreendido com a lógica rizomática, uma onda de “multitudes” como defende Antóinio Negri, que as redes sociais híbridas, em parte, incentivam.
©José
Pinheiro Neves