28/05/14

A arte de ruminar no Facebook



"Verdade seja que, para elevar assim a leitura à dignidade de 'arte' é mister, antes de mais nada, possuir uma faculdade hoje muito esquecida (por isso há de passar muito tempo antes dos meus escritos serem “legíveis”), uma faculdade que exige qualidades bovinas, e não as de um homem fim-de-século. 

Falo da faculdade de ruminar".

Nietzsche, em Genealogia da Moral

Sils-Marie, julho de 1887.


1. De onde me surgiu esta palavra tão pouco cultural, a arte de ruminar? 



Tirei essa ideia de um trecho do prefácio que o filósofo Friedrich Nietzsche escreveu para a sua obra, Genealogia da Moral. 

2. E como se rumina no Facebook?

Tal como se deve ler um livro de forma lenta, mastigando e ruminando, também assim se deveria estar no Facebook.




Comecemos pelo princípio, diria, de forma redundante. No excerto de Nietzsche, o mais importante não está numa eventual campanha de divulgação das virtudes da leitura. Embora também possa, numa pequena parte, ter essa conotação. O que reforça a minha ideia de que ele estava a pensar em algo que era mais do que ao modo lento de leitura em si. Não era isso que se referia o filósofo.


É essa faculdade que eu, homem de início do século XXI, tento recuperar.

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