24/05/14

Uma ciência cada vez mais tecnologizada?





"No início, parecia que a ciência era uma actividade intelectual totalmente separada da tecnologia, mas com o tempo essas duas áreas foram se complementando. A intensificação das relações entre ciência e tecnologia através dos tempos tem levado à sua incorporação como tecnociência no mundo contemporâneo." (Wikipedia) 


Mais importante que discutir as diferenças entre Humanidades e ciências exactas, valerá a pena pensar o que é a ciência, hoje. Uma ciência cada vez mais tecnologizada? O problema central está aí mesmo: nessa ligação cada vez mais íntima entre o mundo da ciência e o mundo da tecnologia. Uma grande parte das investigações na área interdisciplinar "Ciência, Tecnologia e sociedade" confirma esta transformação. Podem dizer-me que esta articulação era inevitável e faz parte da lógica do progresso. Esse argumento esquece uma questão essencial: quem determina as áreas prioritárias e financia a investigação científico-tecnológica é um conjunto composto, na sua maioria, pelas grandes corporações e pelo Estado-Nação, um Estado (inclui as Universidades públicas) com cada vez menos poder e autonomia. De algum modo, a perda acentuada da autonomia universitária acompanha a perda de poder e autonomia dos Estados-Nações. É, em grande parte, uma perda de autonomia da ciência em favor da tecnociência seguindo a lógica do mercado global com consequências dramáticas do ponto de vista ecológico. Apesar deste cenário pouco animador para o nosso planeta, existe felizmente um número crescente de cientistas de todas as áreas conscientes deste fenómeno propondo formas de resistência, medidas e soluções concretas. Há cada vez mais diálogo e pontos de afinidade entre filósofos e cientistas sociais inquietos e cientistas das áreas "duras" também inquietos. Preocupados com o rápido e ameaçador crescimento de um monstro designado "tecnociência" (ver as questões éticas da "biotecnologia"). 

Notas

Ver, entre muitos outros, os escritos dos sociólogos Herminio Gomes Martins e José Luís Garcia do ICS - Universidade de Lisboa

Ver o livro de Al Gore (ex-vice presidente dos EUA)"Uma verdade inconveniente". 

Ver também esta afirmação: “Há diversas evidências de que estudos financiados por empresas são mais propensos a conclusões favoráveis aos produtos do financiador. Estão pressionados a publicar e fabricam os resultados, manipulam para parecerem melhores do que são, ou escondem alguns aspectos que não se encaixam com o que querem dizer".

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