31/08/13

Facebook: mudar o Feed para que nada mude...





O que significa esta mudança no algoritmo que gere o nosso feed de notícias? A lógica do negócio em vez da lógica da inovação e da criação? Porquê?

Vejamos em primeiro lugar o que significa "memes". "Na sua forma mais básica, um Meme de Internet é simplesmente uma ideia que é propagada através da World Wide Web. Esta ideia pode assumir a forma de um hiperlink, vídeo, imagem, website, hashtag, ou mesmo apenas uma palavra ou frase. Este meme pode se espalhar de pessoa para pessoa através das redes sociais, blogs, e-mail direto, fontes de notícias e outros serviços baseados na web tornando-se geralmente viral." (Wikipedia). Ora, aparentemente esta mudança quer dizer que os gestores do Facebook privilegiam "memes" de alta qualidade. Que querem melhorar a qualidade do que lemos.

Será assim? Vejamos o que sucedeu no seu estudo: "O exemplo básico, dado pelo próprio Facebook, é o seguinte: quando você está almoçando, uma determinada notícia pode não ser tão interessante, mas passa a sê-lo quando você retorna ao computador do trabalho. O News Feed passa a considerar o que foi importante nos acessos anteriores, para repetir alguns desses itens até que você os veja. Provavelmente a novidade tem a ver com os posts que aparecem mais para o meio do News Feed, visto que — também provavelmente — todo mundo olha os primeiros itens da lista. A rede social conduziu testes do tipo A/B para verificar como essa mudança afeta o comportamento dos internautas em relação aos posts. O engajamento (likes + compartilhamentos + comentários) avançou 5% em relação às atualizações de amigos e 8% em conteúdo de páginas oficiais". inhttp://tecnoblog.net/137058/o-news-feed-do-facebook-mudou/

Este ponto é o mais importante. Se bem entendi os resultados (corrijam-me se estou enganado), aumentou a frequência de "likes", de engajamentos, o que tem boas consequências no negócio pois indica que os internautas passam mais tempo no Facebook. Por outro lado, as páginas oficiais são, segundo me parece, aquelas que dão lucro à empresa.

A configuração do Facebook, no seu software aponta para uma lógica de "narcisismo" e de consumo imediato, na linha da cadeia alimentar "MacDonald". O Feed tende a fechar-nos em torno dos nossos espelhos, dos que estão de acordo com a nossa imagem e forma de vida. Por outro lado, não há possibilidade, ao contrário dos antigos blogs, de criar uma indexação das nossas notas e dos nossos "posts". A própria aplicação Notas aparece em lugar secundário e pouco atraente levando-nos a optar antes pelo fluxo de notícias, por uma espécie de perda de memória em fluxo centrado nas fotos dos amigos e nas notícias que dão "moca", que fogem ao normal.

Três dicas para resistir a esta uniformização:
1 - tentar diversificar os nossos contactos. Retirar sem expulsar, usando os recursos do Facebook do nosso "feed" os re-produrores do lixo das imagens "engraçadas", que dão uma "moca" instantânea tal como um hambúrguer do MacDonald mas que a longo prazo vão envenenar o nosso corpo e, no caso do Facebook, a nossa mente.
2 - retirar os fanáticos religiosos e políticos. Os que passam o tempo a reenviar as habituais críticas ao governo ou aos ministros. Optar por ler ou seguir os posts de comentadores que nos abrem horizontes. Ler em vez de "ver" sem "olhar".
3 - valorizar a nossas notas criando um blog paralelo onde se podem colocar os nossos pensamentos, a nossa forma de "informar", feita de caos e ordem.

(ver este meu texto sobre a teoria alternativa da informação de Gilbert Simondon que se pode aplicar ao caso do Facebook: http://socialsoftware-portugal.blogspot.com.es/2013/08/uma-ecosofia-da-informacao-inspirada-em.html)

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