23/09/13

Três formas de estar no Facebook (inspiradas num texto de Fernando Pessoa)

"Vivemos todos longínquos e anónimos; disfarçados, sofremos desconhecidos. A uns, porém, esta distância entre um ser e ele mesmo nunca se revela; para outros é de vez em quando iluminada, de horror ou de mágoa, por um relâmpago sem limites; mas para outros ainda é essa a dolorosa constância e quotidianidade da vida".
 
Fernando Pessoa, O Livro do desassossego


   Três formas de viver a relação com a máscara, com o "Facebook", com todas as nossas redes sociais. Começam a ser definidas, desde criança, a partir da nossa experiência com a primeira rede, a mais íntima: a rede ligando ou não o meu eu profundo com a máscara do social. O primeiro caminho ignora a distância e vira-se para o exterior. Vive numa terrível solidão sem se aperceber.  Assim começa a vida do narcisista, do psicopata ou neurótico social dominados pelo mito da masculinidade. A fonte do empresário inovador e destruidor, como dizia o economista Joseph Schumpeter. Para outros, essa separação aparece como um relâmpago percepcionado com horror ou mágoa - a via do revoltado ou do sofredor. Também é a origem da auto-punição do(a) esquizofrénico(a) fugidío(a). É, na imensa maioria dos casos, necessária a passagem por este momento para, mais tarde, atravessar a ponte. Por fim, na terceira via, a consciência plena e diária desse sofrimento é fonte de energia. A dolorosa constância e quotidianidade da vida. Ponto de partida essencial para uma autêntica in-dividuação.

Sem comentários: